Possuímos em nosso corpo diversos microrganismos, ditos comensais, que fazem parte da flora residente e nos ajudam a manter a saúde. No entanto, existem outros agentes que são capazes de causar doenças. Eles são facilmente transmitidos através do contato entre pessoas, especialmente pelas mãos. Tocar em objetos, alimentos e superfícies, como barras de transportes públicos, são outras formas comuns de transmissão. Como não são visíveis a olho nu, é necessário que sejam tomadas medidas adequadas de prevenção.
A higienização das mãos é considerada a medida mais importante e eficaz na prevenção e controle da transmissão de agentes patológicos, principalmente dentro dos serviços de saúde. É uma intervenção simples, rotineira, padronizada, de baixo custo e que, além de tudo, possui indicações científicas sólidas e fundamentadas. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o ato de lavar as mãos reduz em até 40% o risco de contrair diversas doenças como gripe, diarreia, infecção estomacal, conjuntivite e dor de garganta.
A Infecção Associada aos Cuidados de Saúde (IACS) constitui um problema sério no ambiente hospitalar. Portanto, é altamente recomendado que os profissionais de saúde que entram em contato direto com os pacientes realizem constantemente a higienização de suas mãos. Os cinco momentos recomendados são: antes e após o contato com o paciente; antes da realização de procedimento asséptico; após a exposição a fluidos corporais; e/ou após o contato com as áreas próximas ao paciente.
Entretanto, mesmo com todos os dados e indicações, as mãos dos profissionais de saúde continuam sendo a principal fonte de contaminação e disseminação de microrganismos. Estima-se que menos de 50% dos profissionais de saúde praticam a higienização de modo satisfatório. Alguns fatores apontam para tal falta de adesão: esquecimento; conhecimento inadequado; ressecamento e lesões de pele; tempo insuficiente; pias distantes ou inacessíveis para o profissional; falta ou baixa qualidade dos insumos (sabão, papel toalha, álcool e outros). Além disso, o estetoscópio, um dos principais instrumentos de trabalho dos médicos, é também um potencial meio de transmissão de agentes no ambiente hospitalar. Sua desinfecção pode reduzir a concentração de bactérias de 90% para 35%.
Deste modo, é fundamental que seja realizada uma intervenção junto aos profissionais de saúde para que os comportamentos sejam modificados e/ou melhorados. Desde 2005, a OMS propõe, como parte do primeiro Desafio Global para Segurança do Paciente, a estratégia denominada Cuidado Limpo é Cuidado Mais Seguro (Clean Care is Safer Care), para promover a adesão às práticas de higienização das mãos em todo o mundo. Palestras educacionais; treinamentos de higienização e combate à infecção hospitalar; produção de panfletos e pôsteres explicativos são algumas das opções. Da mesma forma, é importante apoiar políticas públicas que busquem beneficiar os ambientes hospitalares, objetivando melhores condições de trabalho.
A pele das mãos contém microrganismos considerados transitórios e permanentes, classificação esta, realizada de acordo com a camada de profundidade em que estão localizados na pele. Os transitórios podem ser eliminados pela limpeza com água e sabão, por 15 a 30 segundos ou mais. Já os residentes só são eliminados com a utilização de degermante antisséptico. O uso de adornos (anéis, pulseiras, relógios e etc.) durante a higienização das mãos dificulta o processo, portanto retire-os. Siga as instruções indicadas pela Anvisa:
12) Feche a torneira acionando o pedal, com o cotovelo ou utilize o papel toalha; ou ainda, sem nenhum toque, se a torneira for fotoelétrica. Nunca use as mãos;
13) Seque as mãos com papel toalha descartáveis, iniciando pelas mãos e seguindo pelos punhos;
A técnica de lavagem antisséptica das mãos é semelhante à técnica de lavagem simples das mãos. Nesse procedimento, todavia, substitui-se o sabão comum por um antisséptico.